segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Portfólio Natureza & Paisagem


Convido voces a visitarem meu outro blog Vi Vendo & Litoral e Mata Atlântica, que serve como um portfólio para minhas imagens de Natureza e Paisagem feitas durante estes quase dez anos em que mudei-me para Camburi na cidade de São Sebastião.
A foto acima é de uma antiga garagem de canoas que hoje não existe mais, na Praia de Paúba. Veio abaixo em uma tempestade mas vive neste cromo que tem a cara do litoral idílico que conhecemos em outras épocas. A quatro anos fotografo digitalmente. Relutei, como muitos, em passar para essa tecnologia que hoje adoro. Esta é uma imagem do tempo em que tinha que viajar mais de quatrocentos kms para revelar meus cromos.Agora acumulamos a função de fotógrafo e laboratorista, o trabalho dobrou, mas é bom ter o controle quase total do processo fotográfico. Escolher um bom laboratório é o passo final para se ter a imagem que desejamos.
O link do blog está aí ao lado.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Diana Krall, domingo no parque!


O show de Diana Krall no Parque Villa Lobos no domingo passado, acompanhada de seu espetacular quarteto foi um desses dias para não esquecer. Um daqueles concertos que trinta anos depois relembramos junto aos amigos, com saudades.
O parque lotado de um público educado que deu a liga artista-platéia, fundamental para qualquer bom espetáculo. A banda Mantiqueira fêz a abertura, com o som de alta qualidade que vem apresentando a tantos anos. Uma das grandes formações intrumentais do Brasil.

Diana Krall -


Fã a muitos anos de Diana Krall, resolvi pedir para uns amigos uma credencial para fotografar seu show. A vontade de fotografá-la, ter imagens suas feitas por mim, venceu a de curtir o show como ouvinte, coisa que nunca fiz. Perdi suas outras apresentações em São Paulo em outros anos.
Uma coisa é sentar concentrado para curtir esse quarteto da pesada outra é fotografar. No segundo caso a concentração está totalmente em conseguir as imagens, a parte da audição cai para menos de vinte por cento, pelo menos no meu caso.
Cheguei cedo no início do show da Banda Mantiqueira, mas o parque já estava muito lotado, inclusive os assentos vips. E na rua lugar para estacionar era super difícil. Tudo tomado nos quarteiroões ao redor. Como um paulistano agradeci a Deus quando avistei uma vaguinha.
Na sala de imprensa e convidados, um café da manhã de hotel cinco estrêlas, mas me limitei a tomar um café e levar um copo de água para a frente do palco, pois se entrasse nos sucos a vontade de fazer um xixi na hora do show ia ser um tormento. O lance era aproveitar que cheguei antes para me posicionar bem em frente ao palco.

Diana Krall


Onde o piano da diva ia ficar? Durante a apresentação da Banda Mantiqueira ele estava encostado ao lado do palco, mas onde ficaria na hora do show? Fundamental saber para me colocar em bom lugar. A frente do palco já estava ficando tomada pelos
outros fotógrafos e a produção nos avisou que as fotos só seriam feitas durante a primeira música.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Boiçucanga II


Temporal se formando. Fim de dia. Pensei em retratar essa beleza de maneira não convencional.
Gostei do resultado.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

S/T 1


Vejo essa imagem em uma ampliação 80x80.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Chapéu de Sol


Fotografei essa linda Amendoeira, ou Chapéu de Sol, como nós do litoral a chamamos, na Praia Vermelha, em Ubatuba.
Jovem, não deve ter nem dez anos e já oferece uma sombra estupenda.
O Chapéu de Sol é para mim, um dos maiores símbolos do litoral do sudeste brasileiro.
Quando eu tinha uns quinze anos minha mãe plantou um debaixo de minha janela, em uma casa na Rua Goiás em Santos.
Crescemos juntos. Quando sua copa atingiu a altura do segundo andar do sobrado, sua sombra passou a fazer parte do meu dia a dia, protegendo o quarto do sol forte do verão.
Mais tarde nos mudamos, a casa foi vendida e os cretinos que a compraram, arrancaram tudo que era verde e vivo, cimentaram a terra e ladrilharam tudo. Então, colocaram uns vasos de péssimo gosto espalhados pelo quintal assassinado.
Sempre rezei para que nos ladrilhos molhados os novos donos espatifassem suas miseráveis bundas.

No meio do pasto, na região rural de Paraty, encontrei essa beleza de árvore. Não sei seu nome. Alguém saberia dizer?

Guapuruvus em flor


É a época dos Guapuruvus florirem enfeitando a Mata Atlântica. Essas árvores enormes e frágeis são o terror de quem tem suas casas próximas a elas. Crescem com uma enorme velocidade atingindo o porte de árvores centenárias em poucos anos, mas de uma hora para outra se partem, quebram em meio a grandes ventanias e tempestades.
Seus troncos então se transformam em canoas, nas mãos dos últimos mestres canoeiros caiçaras.

As Árvores

As árvores me impressionam pela beleza serena, utilidade ao meio ambiente e perenidade.
Toda vez que vou à praia de São Francisco, sento-me sozinho debaixo de um enorme Amendoeira ou Chapéu de Sol,como é chamada no litoral paulista, e durante uma hora fico saboreando uma cervejinha, sentindo o vento que não para de soprar do mar.
Como alguém pode se sentir superior a essa árvore?
Sua existência é admirável.
Sólida, recebe o vento salgado do oceano de frente, resistindo às tempestades tropicais e ao sol escaldante durante meio século.
Mais que resistir, de tudo se alimenta, do solo e do orvalho. Cresce calma, dona de seu tempo.
Seu porte é de quem está na força da idade, esbanjando saúde. Vai durar muito mais do que eu e os de minha geração.
Nunca participou de combates, feriu outras vidas ou delas precisou para se alimentar. Antes, deu alimento e abrigo a gerações de pássaros e insetos e sombra amiga a este palerma encantado.
Penso que não é à toa que foi debaixo de uma árvore majestosa que um ser sentou-se homem e levantou-se Buda.
Devem ter sido os conselhos que suas folhas sussurraram em seus ouvidos.

sábado, 20 de outubro de 2007

Primavera


Terça-feira, depois do almoço fui a Parati, cidade que adoro. Voltei hoje no final da tardinha. Peguei uns dois dias de chuva pela primeira vez por lá. Como fiquei hospedado fora da cidade na zona rural, há 240m de altitude, a neblina na serra foi um espetáculo à parte.
Nunca havia visto essa florescência laranja. Não sei de que árvore é. Alguém me ajuda?

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Fim de Tarde em Boiçucanga


Saí à tarde para fotografar os pássaros onde o rio desemboca no mar, mas a imagem que mais gostei foi essa.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Servidos?



Fiz uma série de fotos, Jane produzindo, para a Cantinetta, lugar super simpático e de ótima comida. O material é para a Semana Gastronômica de Camburi que rola de 9 a 20 de novembro próximo.
Tenho curtido cada vez mais as fotos de gastronomia, que juntamente com a hotelaria são o carro chefe da economia deste litoral bonito de doer em que já moramos há nove anos.
Quem quiser ver mais é só clicar nos links aí ao lado. O blog Habitat, é uma espécie de portfólio de minhas imagens nesta área.

Uma Boa Semana Para Todos


Com essa imagem do Pontal da Cruz, aqui em São Sebastião, onde se vê Ilhabela ao fundo, desejo a todos uma boa semana.

domingo, 12 de agosto de 2007

Domingão dos Pais


Resolvi escrever algo hoje, mas estou com a cabeça tão cheia que prefiri postar algo que escrevi no já distante ano 2 000.
Fica sendo minha crônica do dia dos pais.


GERMINAL



Sobrou o livro na estante e uma vontade de saber seu destino atual: morreu? Casou-se novamente? Seguiu o caminho espiritual? O que aconteceu com o poeta?
Faz vinte e cinco anos que nos vimos pela última vez. Tivemos contato só durante o mês em que vivi na comunidade. Eram os anos 70, havia comunidades. Essa era sem drogas, sem sexo e rock and roll. Todos na faixa de vinte aos trinta anos, menos ele, o espanhol que viajava sozinho pelos trópicos.
Hoje tenho a idade que ele deveria ter naquela época. Ainda o revejo bem: a barba cerrada e escura estava sempre por fazer. Seus cabelos lhe caíam sobre os olhos, em um topete desgrenhado, que ele afastava com as mãos. Vestia o corpo magro e forte com o despojamento dos que nunca deram importância às roupas.
Nossas tarefas diárias eram divididas pela manhã, logo depois da ginástica suave que praticávamos às seis horas, com o ar puro entrando pelos janelões que se abriam sobre a cidade de Salvador.
Após o café da manhã, seguíamos para a biblioteca, a cozinha, ou o escritório onde as publicações da Casa eram preparadas com grande cuidado gráfico, ou ainda para as tarefas mais braçais, como limpar o terreno baldio ao lado, onde o lixo jogado pelos vizinhos começava a atrair bichos e criar mau cheiro.
O lema era estar inteiro, atento e se dando a qualquer que fosse o trabalho, no qual nos revezávamos E lá estávamos, Germinal e eu, naquela montanha de entulho, tomando cuidado para não nos cortarmos em alguma lata velha ou vidro. De repente, debaixo de um pedaço de madeira, uma aranha das grandes foi desentocada por nós,
-Que lindo, não? Olha que bicho louco!
Germinal, fascinado como um garoto.
Meu pai, desenhista, sempre me disse que as aranhas e a cabeça das cobras foram desenhadas pelo próprio demônio. E aquela não fugia à regra: era peluda, ameaçadora. Criatura noturna, incomodada com a luz.
Inesperadamente, quebrando nossa contemplação, Germinal a esmagou com um pataço. Levantou os ombros e me encarou com os grandes olhos escuros dizendo rápido, enquanto continuava a trabalhar: - Ê, também uma aranha a menos no mundo, não vai fazer tanta falta...
Não falava sobre sua vida. Silencioso dedicava-se às tarefas, enérgico, obstinado e sério, mas com um sorriso que inesperado, contagiava.
No dia em que parti, me pediu um favor: verificar se seu pai ainda estava vivo e morando no mesmo endereço. Se tivesse morrido me pedia que o avisasse, se não, que eu lhe entregasse a carta que me confiava. Há muitos anos (e muitas mágoas) não se falavam.
Em Santos, em uma velha pensão em frente ao mar, o encontrei em seu quartinho. Ficava longe da construção principal, nos fundos de um quintal maltratado.
Quando cheguei à porta o vi sentado em sua cama, vestindo um grosso casaco, com um gato deitado sobre suas pernas, enquanto lia um livro de Fidel com a pouca luz que o espaço oferecia. Penumbra e penúria. Ofereceu-me uma xícara de café, e usou o tempo em que o preparava em uma minúscula pia, para se recompor da surpresa que minha visita lhe causara. Na única cadeira do quarto, me sentei enquanto corria os olhos sobre seus pobres pertences: pilhas de jornais velhos e livros revolucionários em um canto, algumas roupas emboladas que tentavam escapar de um velhíssimo armário semi-aberto, com seu espelho oval rachado na porta, o prato do gato, que provavelmente era o único ser vivo com quem se relacionava afetuosamente. Entre ele e os parentes donos da pensão, um jardim de ervas daninhas. Sobre uma mesinha de cabeceira, as fotos: senhoras severas, embrulhadas em seus xales, crianças muito antigas, junto a um cachorrinho que com o quintal, se esfumaçaram no tempo, e um jovem de olhar apaixonado, em seu uniforme, segurando um rifle com a determinação que só a guerra e a juventude juntas podem produzir. No meio de três companheiros, o olhar era do mesmo homem que me recebia ali, tantos anos depois e tão longe de sua Espanha e do maldito Franco contra quem lutara.
Sentou-se à minha frente, na cama, e me passou a caneca de café forte. Vendo que eu olhava o livro aberto sobre a cama, perguntou: - Conheces Fidel? Já leste sobre a revolução? São homens de bem. Homens de bem!
- Quer dizer que és um amigo de meu filho? Sabes, já não tenho notícia dele há mais de dez anos. Nem sabia se ainda estava vivo. Está bem? Abandonou a todos. Deixou até sua mulher e seu filho. Jamais telefonou ou escreveu. Desapareceu no mundo. Nunca soube por quê.
Sob sua voz firme, uma tristeza revoltada, imensa, contida.
Ao lhe dar a carta, ficou absorto, fitando o envelope demoradamente, como a um objeto muito estranho que lhe tivesse caído nas mãos. Colocou-a sem a abrir sobre o travesseiro.
Pouco depois, quando me despedi, ele foi à sua pilha de livros, e voltou com um pequeno volume.
- Tome, é para você, amigo de meu filho. Germinal o imprimiu antes de partir. Sempre foi meio poeta, meio louco...
Pela primeira vez sua voz soava sem mágoa. Acredito ter percebido nele, até um orgulho velado.
Vinte e cinco anos depois estou aqui, ouvindo este outro mar quebrar forte na noite lá fora, pensando que caminhos terá trilhado o poeta. Olho o pequeno livro em minha frente, com uma capa mal desenhada e o título singelo “Germinal de Amor “. Penso: Voltou a ver seu velho pai? Sua família? Seguiu em sua solidão atrás de Deus, da paz?
Tão distantes em sua geografia e vida: ele, na ensolarada e negra cidade de Salvador, vivendo monásticamente. E seu pai, em sua guerra eterna, naquele quartinho de fim de mundo, com seus mortos, seu gato, sua Espanha. Mas unidos por este misterioso fio que é a paternidade.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Lanterna Mágica


Domingo à noite revejo Roma de Fellini, depois de vinte anos, talvez mais. É um longo tempo duas décadas. Misturam-se lembranças e imaginação.
Roma era um cinema novo. Não me lembro de nada parecido antes de 1970, quando foi filmada. Fica entre o documentário e a ficção. A vida recuperada e traduzida pela memória afetiva.
Cena antológica: nas escavações do metrô, a descoberta dos afrescos em uma antiga residência romana. É o momento em que o impossível, o proibido acontece: Dois tempos distintos se encontram no mesmo espaço. No frenesi da obra contemporânea, enquanto as máquinas rugem 24h sem descanso, abrindo os intestinos da metrópole que precisa desafogar seu trânsito, a residência de mais de dois mil anos é descoberta, adormecida, protegida em seu túmulo. No silêncio dos afrescos, as expressões, os olhares, o cotidiano, as cores magníficas da antiga Roma.
Nas vestes, nos gestos ancestrais, a cidade e o povo do grande império vivem e por segundos, convivem, se mixam com o olhar do engenheiro que perfura e transforma a capital moderna.
Mas dois tempos não podem conviver no mesmo espaço a não ser no coração dos poetas e o ar que invadiu a câmara recém descoberta por dois mil anos resguardada, passa a destruir rapidamente o inestimável tesouro.
Os afrescos começam a desfazer-se, a desaparecer frente aos olhares atônitos e desesperados de todos, dos operários, do engenheiro, da equipe de filmagem e da própria platéia do cinema que mal consegue respirar.
A cena do teatro de variedades onde a diversão e arte populares tentam fazer a vida continuar em meio aos bombardeios da segunda grande guerra também é inesquecível.
Fellini! Tão raro em nossa TV, em nossos telecines com suas grades ocupadas por tanta mediocridade.
Pela manhã logo no primeiro jornal recebo a notícia da morte de Bergman.
Fellini e Bergman sempre foram o norte da filmografia da minha vida. Para mim eram as duas metades da moeda. O dia e a noite.
Fellini o sol mediterrâneo que tudo aquece e alegra.
A noite imensa, estrelada, profunda: Bergman.
Durante muitos anos tive essa sensação de os dois tão aparentemente antagônicos serem muito, muito próximos. Sempre os senti como duas visões complementares da vida.
Quando li a biografia de Fellini, vi sem surpresa que a admiração mútua era total. Uma adorava a obra do outro. Na primeira vez que se encontraram, saíram caminhando lado a lado, em uma apaixonada conversa que durou oito horas ininterruptas.
Vivi uma época em minha juventude em que quase toda semana havia um grande filme nos aguardando:
Visconti, Pasolini, Truffaut, Kurosawa, Kubrick, Herzog, Alain Resnais, Altman, Buñuel, Vittorio De Sica, Ettore Scola, Louis Malle e tantos outros gênios da imagem. A primeira linha.
Entre todos, porém Fellini e Bergman eram para mim os tops. O supra-sumo.
Sabia que iria sair do cinema diferente do que entrara, mais rico, mais vivido. Sabia que estaria prestes a penetrar em regiões profundas da psique, ter uma nova leitura do amor, da morte, dos medos, da alegria.
Na mesma semana assisti Gritos e Sussurros e Amarcord.
Os dois estão entre os dez filmes de minha vida com toda certeza.
Hoje, na época da Velocidade Máxima e idéias mínimas parece espantoso que tivéssemos tal qualidade à nossa disposição.
Poucas vezes a morte de um artista me causou tal comoção como a de Bergman. Senti o quanto sua obra fazia parte da minha história.
Fui à minha estante e comecei a reler Lanterna Mágica, sua autobiografia, que havia comprado e lido em 1989.
Assim como Roma, a Lanterna Mágica não era vista por mim há quase vinte anos.
No dia de sua morte, recomecei a viver sua vida, suas primeiras recordações. Cada episódio vivido por ele contém a possibilidade de uma cena cinematográfica e tem a marca da visão do mestre.
Terça-feira pela manhã a notícia da morte de Antonioni. A Itália e o cinema de luto.
Na hora do almoço escuto um cd de Caetano, poeta apaixonado pelo cinema, onde canta Nino Rota, o músico inseparável de Fellini. Depois uma homenagem à sua companheira da vida inteira, Giulietta Masina, a grande atriz.
Por fim, canta em italiano a lindíssima composição que fez para Antonioni. A melodia é um espanto. A poesia, um arraso.
Comento com Jane, que Caetano chegando a São Paulo, deveria ter muito em comum com Fellini chegando a Roma. Ambos poetas, com seus vinte e poucos anos trazendo em suas retinas espantadas a vida de suas províncias, Rimini, Santo Amaro da Purificação e o deslumbramento e susto frente à cidade imensa e moderna.
O poeta segue cantando: O melhor o tempo esconde, longe, muito longe, mas bem dentro aqui.
E penso que esse cinema essa poesia é exatamente isso.
Arte se transmutando em outras artes. Música virando poesia. Poesia virando desenho.Desenho virando pintura.
Literatura virando cinema virando poesia virando música...
Cinema transcendental, trilhos urbanos, Gal, Galícia, Buñuel, Lorca, Lígia...
Longe, muito longe, mas dentro aqui.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Fim de Tarde e de Blog em Camburi


Andei sumido do blog. Uma semana sem postar. Na verdade comecei a fazer parte de um site de fotógrafos portugueses e me entusiasmei. Lá a interação é bem grande. As fotos publicadas são muito comentadas pelos colegas d'álem mar.
Já esse blog é ao contrário. As pessoas o visitam e depois me falam verbalmente ou por e.mail que aqui estiveram. Pouquíssimas postagens.
Assim não tem graça. Já disse e repito que blog é como mico de cheiro, quando não ligam para ele, fica deprê e morre. Acho que é isso está acontecendo com este aqui.
Na foto estou em minha prancha imaginária me dirigindo para o alto mar de onde nunca voltarei.

quarta-feira, 4 de julho de 2007


Dia de sol, coloco uma cesta com as bananas do quintal para a passarinhada. Logo chega o casal de pica-paus. Depois vieram as saíras, periquitos, tiês, sanhaços entre muitos outros.
Aqui, como já disse antes, tem lama demais, umidade demais, mosquito demais, mas tem rio do outro lado da rua. Uma noite de inverno com mais estrelas que no planetário e mais passarinhos que em música do Tom.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Castelhanos


Indo de moto para a Praia de Castelhanos, há muitos anos atrás, parei em um mirante, no meio da Mata Atlântica e avistei a praia selvagem com a luz incrível passeando sobre o oceano. Foi ali que resolvi virar fotógrafo. Pensei na felicidade que seria passar o dia inteiro em lugar como aquele vendo a luz mutante transformando a paisagem.
Esta foto foi feita em um dia que se preparava para uma das famosas chuvas de março. As crianças moradoras de lá,brincavam no mar, curtindo de montão. Moram em outro mundo, do outro lado desta que é a maior ilha oceânica do Brasil. Distantes 16km da parte habitada onde só se chega por uma estrada que seria mais honesto ser chamada de trilha. Demorei duas horas e quinze para chegar, a bordo de um Land Rover. Não tem luz elétrica e nela só habitam umas vinte e poucas famílias. Quando chove forte, ninguém entra nem sai, os caminhos ficam impraticáveis. A ilha dentro da ilha.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Oscar Peterson & Niels-Henning Ørsted Pedersen


Foto feita no Ibirapuera em abril de 96. A lenda se apresntou com um quarteto em uma tarde ensolarada e inesquecível para um Ibirapuera agradecido.
Eu no meio da platéia com uma lente 300mm, captei alguns bons momentos, incluindo esse em que ele parece olhar para dentro da camara.

Mr. Ron Carter!


Essa foto fiz em 94 no Centro Cultural São Paulo. Ron Carter foi baixista de um dos mais espetaculares quintetos de jazz de todos os tempos. Milles no trumpete, Herbie Hancock piano, Tony Willians (gênio) na batera e Wayne Shorter, sax. Todos compositores e arranjadores.
Usei uma técnica de "puxar" o filme e consegui essa luz de que gosto, acho bem interessante. Hoje, na era do Photoshop, esses efeitos no negativo, já são coisa da história da fotografia.

domingo, 1 de julho de 2007

Pier


Depois de nove anos morando fora, quando chego a Santos sinto que ela é a minha cidade. Adoro a Ponta da Praia, com seu trânsito marítimo. O pier de pesca e os bares contruidos em cima do mar. Não sei como não pensaram nisso antes. Tão simples! O lance de aproveitar as belezas naturais da cidade parece ser o óbvio, mas não. É necessário que se olhe a cidade com imaginação para melhorá-la. O Ovo de Colombo não está no ninho da maioria das administrações.
Estive nos bares que gosto porque a comida e bebida são ótimos e o melhor de tudo e que é lá onde sempre encontro amigos queridos. Café Paulistânia, Armazém 29, estão entre os que frequento sempre. Lanches Praia no Boqueirão também faz parte do roteiro.
Já fui dono de choperia, o saudoso Zeepelin, que merece pelo menos uma dúzia de crônicas. Bar Doce Bar é uma tabuleta pregada na parede de meu coração.
Buñuel em sua auto biografia "Meu Último Suspiro", dedica um capítulo inteiro aos grandes bares de sua vida. Diz na abertura do capítulo Os Prazeres Terrenos:
"Passsei horas deliciosas nos bares. O bar é para mim um local de meditação e recolhimento sem o qual a vida seria inconcebível. Como São Simeão Estilita empoleirado em sua coluna e dialogando com seu deus invisível, passei longos momentos de devaneios nos bares, raramente falando com o garçom e quase sempre comigo mesmo, invadido por um cortejo de imagens que não paravam de surpreender-me."
Lembro-me de quando, no século passado, saía de madrugada de casa, com um livro debaixo do braço e ia sentar-me em uma mesinha ao lado da janela de vidro no falecido Pop, na Praça Independência. Pedia uma garrafa de vinho e lia calmamente livros bons como este que acabo de citar e recomendo.

Santos


Esta semana estive afastado do blog. Dei uma passada no Guarujá para fotografar para o meu banco de imagens e quando cheguei a Santos o tempo nublou e nublado ficou até sábado. Paciência. Aproveitei para rever os amigos, a família e VENDER alguns trabalhos já devidamente enquadrados, que fizeram parte de minha exposição Litoral Refletido.
Aliás todas as minhas fotos deste blog estão à venda nos tamanhos 20x30, 30x45 e 50x70. Se estiverem interessados em ter uma dessas imagens na parede me escrevam.
As fotos estão à venda em molduras com trabalho artesanal utilizando materiais orgânicos da Mata Atlântica e molduras em sanduíches de acrílico, super cleans.
Estou pensando em fazer um blog só de venda de fotos.

terça-feira, 26 de junho de 2007

FLIP!


A Flip, de Parati começa na quarta que vem homenageando o fabuloso Nelson Rodrigues.
Exposições com Rubens Gerchman, Claudio Tozzi e Ivald Granato, participações de Nardine Gordimer, prêmio Nobel de Literatura, Mia Couto, Ruy Castro, Amós Oz , Arnaldo Jabor e muitos outros na deliciosa Parati.
Vejam no site www.parati.com.br/flip a programação completa.
Estou louco para ir, mas... ainda não é certo.
Quem puder, lá é o lugar.

domingo, 24 de junho de 2007

Let's Do It, Let's Fall in Love - Façamos!


Cole Porter, Chico e eu recomendamos: Façamos, vamos amar!
...

Os Pica-Paus onde dá, fazem,
Tico-Ticos no fubá, fazem,
Besouros blindados, sempre que podem, fazem.
Façamos gostoso, também.

As Brabuletas fazem
Os Porquinhos-da-Índia fazem,
Os bispos e as bispas fazem,
Os Tatus-Bola fazem,
Façamos,
Vamos amar!

Detalhes?


A vida surgindo em uma rocha, de uma pequena fenda há uns trinta metros de altura, na Cachoeira do Gato em Ilhabela.

Sem palavras - Alberto Morales Ajubel

terça-feira, 19 de junho de 2007

Inté


Amanhã estarei longe desse visual, a caminho de Sampa para fazer mil coisas, mas acaba só dando para fazer umas quinhentas, como sempre. Ver os amigos, levar quadros em uma galeria, mandar reformatar o laptop que está devagar, quase parando. Limpar a máquina, ficar horas nos congestionamentos, enfim... Sampa. De vez em quando é bom. Sempre eu surtaria feio.
Talvez uns dois dias sem postar. Inté.

É o Bicho!


Morar no mato tem dessas coisas... Uma enorme e linda Caninana, vivendo no sótão da casa de um amigo. Nós tomando uma cervejinha de tarde no quintal e ela resolveu aparecer para ver quem estava rindo tanto. Fui fotografar na cara dela com uma 105mm para dar um close bom e ela não gostou. Inchou, desceu um meio metro na minha direção, mas quando viu que o pentelho não parava de clicar, resolveu tirar o time e voltar para o quentinho que as telhas guardam.
Não é venenosa, se alimenta de pássaros, roedores, rãs, mas tem uma mordida defensiva como todos os bichos, inclusive os humanos. São dois metros e tanto de cobra, dá para por respeito, Mas acaba tendo uma relação de boa vizinhança com quem fica na sua.

Surf na Ressaca


Camburi em dia de Ressaca. O mar nervoso, a luz especial no fim de tarde.
Cliquem nas fotos para ampliar, não custa lembrar.

domingo, 17 de junho de 2007

O q estou OUVINDOOOOOnow


Maceo Parker, Lenine, Alain Caron, Marcus Miller, Kelly Clarkson, James Brown, Living Colour.
E vodka com coca (cola), depois de uma semaninha sem beber. Asas começando a despontar nas omoplatas. Incômodo. De molho. Gripão. Agora não. Funk comendo solto. Altão.
Vontade de tirar a naftalina da capa vermelha e cair dentro.
P.S- Essa foto achei na net e não sei o autor. Todos os créditos são e serão sempre dados, of couse! As minha estão sempre assinadas.

sábado, 16 de junho de 2007

The King


Um barato é ter fotos dos grandes caras que a gente curte feitas por nós. Essas fiz no Ibirapuera, há alguns anos atrás, quando ele se apresentou em uma tarde de domingo. Estava no meio da platéia com uma Nikon 300mm,sem poder me mover nem um milímetro para nenhum dos lados. É difícil fotografar um show assim, sem poder procurar os melhores ângulos. Mas era o que dava para fazer e gostei de algumas fotos. Mas o grande barato mesmo foi estar ali, vendo pela primeira vez mister B.B.King, e sua inseparável guitarra Lucile.

O Céu em Lucile

Angeli, no Canal Brasil


Angeli é um dos meus cartunista prediletos. Re Bordosa, Skrotinhos, Mara Tara, Angeli em Crise, e principalmente suas séries sobre política e sexo que publica semanalmente na uol e as charges da Folha.
Um desenho espetacular e humor que rasga de bico. Angeli é a melhor tradução de sampa. Quem quiser ter noção do que foram os anos 80 na Paulicéia é só pegar os Chicletes com Banana em algum sebo descolado, pois os amigos raramente emprestam.
Aliás a revista está sendo relançada. Se liga!
Adoro cartuns, fui colecionador do Grilo, do Chiclete e de várias revistas de Wolinski, Crepax, Reiser, Manara, Laerte, Glauco e outras feras do ramo.
Colecionava gibis quando moleque: Fantasma, Mandrake. Quando adolescente colecionei o fabuloso Snoopy, além de todos os Pasquins que traziam a nata: Henfil, Fortuna, Millôr, Jaguar, Ziraldo, entre outros.
Nos jornais nunca deixo de ir aos quadrinhos, que são a grande leitura crítica do nosso tempo. Recomendo o Blog dos Quadrinhos http://blogdosquadrinhos.blog.uol.com.br/ com todas as novidades e dicas da área.
O Canal Brasil da Sky, 66, apresenta Retrato Brasileiros com Angeli hoje, sábado
ás 17h30minh. Não dá para perder. Horários alternativos: 17/06 - 13h00min
20/06 - 11h30min
Direção: Ana Cristina Pinto
Quem perder merece se afogar em um cumprimento do Bob Cuspe.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Praia de São Francisco


A praia que mais gosto de S.Sebastião. Não é para ir nadar, andar na areia. É para olhar. Relaxar sentado nos banquinhos vendo Ilhabela em frente. A maior ilha oceânica brasileira, com a luz passeando sobre ela e os barquinhos, muitos, com suas pinturas deliciosas. Uma colônia de pescadores que não está no roteiro turístico. Pouca gente conhece, fica fora da estrada. Todas as vêzes que posso, dou uma parada lá de pelo menos uma hora. Fica há mais de cinquenta kms de casa. Depois do centro, a caminho de Caraguatatuba.
Estive lá hoje e fiz essas imagens entre outras.

Praia de São Francisco (2)

quinta-feira, 14 de junho de 2007


Algumas horas do dia e hoje a noite inteira, em frente à tela, tratando, arquivando, organizando o material fotográfico.Fazer o que? Nos fones de ouvido, Milles, Caetano e agora Stevie Wonder, dão uma força.
Fotografar, o grande barato. Tratar, meio sacal, mas necessário. Dá prazer quando a imagem começa a ficar pronta. Um barato parecido com a foto saindo do laboratório, mas sem o cheiro do químico e a luz vermelha do bandido. Arquivar, nomear: o saco supremo. Vender a imagem, aí o bicho pega! Por que nessa porra de país não tem agentes? Dou de bom grado a porcentagem dos vendedores. Eles merecem e eu também.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Paúba


Nessa época do ano a temperatura está uma gangorra. Semana passada a mais fria do ano. Lareira acesa, meia de lã. Nos feriados o tempo começou a firmar,sorte, pois a economia da região depende do sol. Quando chove muito tempo, a grana some. Pousadas e restaurantes vazios.
Mas no domingo o sol já estava forte. Hoje fêz calor. Um dia maravilhoso.
Mas esta temperatura maluca já fêz uma vítima: eu. Gripe forte. E uma mazela de fotógrafo me atormentando há mais de dois mêses. A coluna apitando.
Muito líquido, cama e alongamento.
Haja saco!

segunda-feira, 11 de junho de 2007

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Para um amigo em Berlim


Acordo e leio Drumond em voz alta, sentado na varanda. Mesmo sozinho a poesia pede o alicerce da voz para erguer-se, criar vida e esvoaçar sobre o quintal junto com as enormes borboletas azuis que vêm comer as pitangas que caíram do pé sobre a grama.
Das palavras surge um Brasil ancestral que tem gestos de avô. Sabor de família com suas maluquices, de uma tia destrambelhada, de uma avó que rezava o dia inteiro e em seus chinelos gastos arrastava a aflição esclerosada que tentava exorcizar com seus pobres mantras caseiros: Ai meu menininho Jesus! Ai, minha Virgem Maria... E mesmo em sua aflição sua figura era doce como um leitinho morno.
Como podem entender a gente aí fora? Quando lhe perguntarem não responda não, dê um sorriso enviesado, dê de ombros e de leve puxe outro assunto. Como explicar a calma preguiçosa que vem dos quintais com casas de varandas esparramadas de onde o moleque acompanha as formigas carregando os restos da aranha nas sombras das samambaias?
Esses pés de bananeira com o Tiê comendo, arisco? Outro dia um gringo achou que eu havia criado a cor do Tiê no computador.
A chuva cai fininha sobre a mata e uma friagem fora de época se instala. Ponho a touca de lã feita pela Jane e volto para a varanda. Lá dentro está bem quente, mas aqui fora é mais bonito. A neblina envolve o morro e os guapuruvus em flor. Como desviar os olhos daquele buquê amarelo que surge no meio da mata? Com as orelhas aquecidas, penso que essa touca feita a mão não se compra nas lojas mais finas desta velha Europa, nem em nenhum shopping deste mundão besta e globalizado. Vamos globalizar o carinho de uma mulher nos tecendo uma touca de lã? Seria tão bom. Mas as mulheres globalizadas dirão que é machismo. Imagine... é só um gesto de amor, brasileiríssimo e pensando nisso, já não tenho as orelhas e os cabelos aquecidos.O coração também fica. Aliás, comovido como o diabo, continuo lendo o poeta desse Brasil que ainda resiste em milhões de cidadezinhas, vilarejos, gente e lugares que ficaram (graças a Deus) do lado de fora dos Shoppings, e deste golpe do vigário que o consumismo nos aplica.
É engraçado que fui tão insistente para que você viajasse para aí, mas ontem conversando contigo fiquei muito preocupado quando você disse que não queria saber mais da palavra saudade, essa coisa de brasileiro. Depois pensei: claro que essa era uma defesa contra ela, a saudade, que já deve ser grande. Isso é o melhor de nós, esse sentimentalismo exacerbado ibérico com uma alegria crioula que não se sabe de onde vem. O riso de uma negrinha é como um cachorrinho pulando louco de alegria no quintal. Ou de um indiozinho brincando com um macaquinho no ombro. Vem do fato de estar vivo. É uma ode à alegria esse riso escancarado e ás vezes sem razão que ilumina um rosto preto em uma constelação de dentes.
Esse é um segredo que você tem de levar sempre com você, e essa melancolia de navio apitando nas madrugadas de Santos. Guarde como um dinheiro cozido pela mãe no bolso interno das calças, quando o filho vai para a moderna e assustadora cidade grande. Vai ser impossível não chorar bestamente quando um saxofone soprar da maneira mais sentida, inesperadamente um Pixinguinha ou um Tom, Chovendo na Roseira, em alguma madrugada.
Disfarce, não mostre pros gringos que tem medo de água fria, não trouxeram dos índios esse gosto pelos banhos, e dos portugueses, o nosso sentimentalismo piegas e a sem-vergonhice. Mas se quiser dar a eles uma pálida idéia sempre há um Villa Lobos para cortar o ar com seu Trenzinho Caipira.
Agora a conversa está muito boa, compadre, mas tenho que voltar para a varanda para ler mais uns poemas que depois lhe mandarei junto com meu abraço saudoso.

Bocada Boa!


Esta semana o Canal Brasil, da Sky, estará apresentando o show do Boca Livre gravado no Canecão.
Eu curtia o conjunto na época em que foi lançado. Fui assistir a uma das primeiras apresentações no Teatro Poeira em Ipanema, se não me engano. Gostei demais. Acho um som gostoso, honesto, com estilo.
Quando anunciaram essa volta, fiquei com a pulga atrás da orelha. Será que não ia ser chato? Café requentado?
Ontem à noite, vi a apresentação. Curti de montão. Um repertório bonito com convidados da nova geração fazendo participações especiais. Corretíssimo. Gostoso.
Muito legal de ouvir e ver o astral dos coroas. O que vinte e cinco anos fazem com a gente! O único que não está com cara de vovozão é o Zé Renato.
Márcia Bernardo, astróloga e mosca branquíssima, irmã de Roardo, um puta músico, me disse um dia que o que a impressionava era a cara de felicidade com que os músicos têm enquanto trabalham. Nenhuma outra profissão tem esse dom, ou tem? Se tiver eu não me lembro. Esse show do Boca Livre é um exemplo.
Hoje às 17h terá reprise e várias outras acontecerão durante a semana.
Essa nova série do Canal Brasil chama-se Faixa Musical. Semana passada Mauro Senise apresentou um concerto só com músicas de Edu Lobo, umas das maiores feras do Brasil, totalmente ignorado pela mídia chulé que temos.
Senise foi acompanhado entre outros pelo Jotinha Moraes no vibrafone e Paulo Russo no baixo, ambos integrantes do quinteto de Vitor Assis Brasil. Arranjos do Peranzetta que também estava no piano. Biscoito Fino, é o selo que produziu o DVD. Biscoito Fino na cabeça!
Semana que vem tem Caetano.
Fiquem espertos.
P.S - Parece incrível mas esta foi a única foto que achei no google. Fica aqui então a pior imagem já publicada neste blog.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Stan Getz


Hoje faz dezesseis anos que Stan Getz foi tocar seu sax-tenor no Grande Bar que Nunca Fecha e deixou esse planeta mais silencioso.
Foi um dos grandes impulsionadores da música brasileira de primeira linha nos States e por conseguinte, no mundo. Ganhou também uma boa grana com isso. O disco que gravou com João Gilberto lhe rendeu uma maravilhosa mansão. Tem coisa melhor na vida? O cara tocar a música de primeira e encher o rabo de grana com ela?
Uma noite estava sozinho em meu ap. em Santos, estreando o aparelho de som que voltara do conserto após um longo e tenebroso silencio. Sabe essas noites em que vc está sozinho e não precisa de ninguém? Está curtindo para cacete sua casa, sua vida, o momento. E o momento era perfeito, acompanhado por um delicioso vinho tinto, em plena madrugada. Pus para rodar uma bolacha preciosa que tenho: Stan Getz com Astrud Gilberto, tocando ao vivo no Café Au Go Go em Nova Iorque. O Tom estava presente acompanhando a gravação. Coisa linda.
Estou vianjandão no som, quando ouço uns gritos me chamando do lado de fora. Duas e quinze da matina. Normal, minha vida era bem movimentada nessa época. Olho e lá está o Magu, figura ímpar. Uma bizarria. Entra com uma gaiolinha embaixo do braço. Sua mais nova profissão: fabricante de gaiolinhas adaptadas para abajur. Uma lâmpada de 40 wts enorme, totalmente desproporcional dentro, e uns vidrinhos coloridos que dariam o “efeito”.
Cai como um viaduto sobre a minha paz. Invade o lar e o sossego como um bando de holligans em uma cidadezinha.
-Olha que demais, essa gaiolinha que estou fabricando!
E antes que eu pudesse fazer nada a espetou na tomada. Uma explosão e silêncio e escuro totais, como no princípio do mundo. O caos. O nada. A porra da caixa dos fusíveis estourou. Acabou o Café Au Go Go, o som macio de Getz, a voz gostosa de Astrud. Derramamos o vinho no escuro. Fudeu.
Lembrando dessa passagem, penso que foi algum Maguzão La de cima, que arrancou o Getz daqui de baixo tão cedo. Puxaram o fio da tomada de um dos sons mais marcantes do jazz e do sax tenor do planeta.
Stan Getz! Figura essencial em qualquer discoteca básica. Que continua e continuará rodando e deixando as noites melhores e os vinhos mais gostosos até que o Grande Vendedor de Gaiolinhas Que Nunca Dorme venha puxar meu fio também.

SFX


São Francisco Xavier, conhecida pelos moradores como São Chico, é um lugar delicioso. Sub-distrito de São José dos Campos, fica na Serra da Mantiqueira. Quase me mudei para lá recentemente, mas o projeto furou. Acho que foi pena. Estava com muita vontade de ter novas paisagens para fotografar e viver. Lugar de muitas trilhas, água puríssima, pinga da boa, pois é bem pertinho de Minas. E sendo perto de Minas, os queijos e derivados são ótimos. Frio seco, trilhas, muitas trilhas para curtir a pé ou de moto. As paisagens serranas.
O povoado tem aquela cara de cidadezinha do interior onde todos se conhecem, todos se comprimentam.
Este fim de semana Tatiana Rocha, que tem seu blog Coisa Rara, linkado aqui ao lado, vai tocar no Café Photozofia. Gostaria de estar lá.
Aliás, Tati, se quiser um fotógrafo, ainda está em tempo. Tratando-se de São Chico, e de Tatiana estou na fase Janis Joplin ou Neo Hippie: é só ter uma barca que me leve um lugar quentinho para ficar e uns goros para esquentar o corpo e o coração, estou dentro.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Dia Mundial do Meio Ambiente

Murilo Mendes


Murilo Mendes é um dos meus poetas prediletos. Leio e releio sua antologia poética há muitos anos desde quando a comprei em uma pequena livraria ao lado do Cine Bijou, que nem sei se ainda existe, na praça Roosevelt em Sampa.
O poema postado abaixo é do livro Poesia Liberdade com poemas escritos entre 1943 e 45, quando o mundo fervia de ódio, sangue e dor em quantidades inimagináveis.
E se o livro é Poesia Liberdade, tomei eu também a liberdade de ilustrá-lo com uma foto feita por mim.
Foi um dos grandes conhecedores das artes plásticas, do modernismo, amigo dos maiores pintores de sua época. Aqui está retratado pelo fabuloso Flávio de Carvalho em 1951. Também recebeu essa homenagem de seus amigos Portinari, Guignar, Ismael Nery.
Murilo passou os últimos anos da vida morando na Itália, onde tinha sua obra muito reconhecida e respeitada.
Uma figuraça, que diz em um de seus poemas:
“Ainda não estamos habituados com o mundo
Nascer é muito comprido.”

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Algo


O que raras vezes a forma
Revela.
O que, sem evidência, vive.
O que a violeta sonha.
O que o cristal contém
Na sua primeira infância.

Murilo Mendes.

Luar do Sertão


Mês com duas luas cheias. Super!
Aqui o mato tem mais mosquito do que deveria e lama, muita lama, não tem cinema, nem dá para pedir uma pizza no delivery (acreditam?), mas tem mais passarinho do que em música do Tom e a lua.... A noite daqui tem céu de planetário.

sábado, 2 de junho de 2007


Há nove anos quando resolvi concretizar um sonho de garoto e morar no litoral norte de SP, chegamos à Praia de Camburi de mala e cuia, eu e Jane.
Casinha pequena, muito menor que o ap. em que morávamos em Santos. Na verdade um condomínio bem hippie, conhecido como Magulândia. Uma série de casas construídas à beira do rio, pelo amigo de adolescência, Magu.
Passarinhos entrando pela janela, chuva de cometas no quintal, em plena madrugada.
Os dois poemas abaixo foram escritos logo após nossa mudança, em 98.

Camburi


CAMBURI


Mariposas de asas transparentes

- cor de pérola -

Minúsculas,

Ornamentam o batente da porta

Que se oferece à noite.


Grilos tão grandes

Que assustam a moça de São Paulo.


O morceguinho despenca do teto da sala

Feito uma assombração.

Corre pelo tapete

Desajeitadamente.


O Guaiamum ancestral,

Sobe do rio ao quintal,

E é capturado pelas lentes japonesas.


Que sapos serão estes?

(serão sapos?)

Com seus cantos tão tristes

E humanos.


O Beija-flor,

Como um caça,

Corta a sala.


O primeiro tucano

Descoberto na folhagem é

Espantoso

Como um filme americano.


Depois de um tenso tempo,

Olho no olho,

A corujinha, guardiã do ninho,

Ouviu um assobio para ela.

Joguei as notas do Jobim

No vento forte.


A felicidade aqui é como um musgo

Quietinho no seu canto,

Frágil como a vida,

Enfeitando a vastidão da morte

Dos troncos seculares,

Deitados na floresta.

CAMBURI II


Cogumelos negros

Com filetes brancos,

Impõe-se a seus vizinhos,

Cor de fogo, esverdeados,

Sobre a mesma superfície que

Linda, apodrece.


O majestoso tronco é habitado

Pelos besouros negros,

Estranhos e blindados,

Que lerdos e rápidos,

Fabricam o seu tempo.


Calmamente,

O gigante que foi semente,

Reintegra-se à terra.

A cada chuva, cada vento,

Mais se mescla ao úmido

Solo da floresta.


Ao contemplá-lo,

Tronco, trono de insetos,

Abrigo das lacraias e serpentes,

Aeroporto de insuspeitadas aves,

O medo da morte se evapora.


É como o relógio celeste

O destino,

Tão terrestre e inevitável.

Fica só a paz desta clareira

Perfurada pela luz de um sol

Inesperado.