sexta-feira, 5 de junho de 2009

Poemas que Fugiram da Gaveta

No início dos anos oitenta com mais dois amigos pretendi publicar um pequeno livro de poesias. O eterno problema não deixou que a intenção se concretizasse: quando um tinha grana os outros não, e assim sucessivamente. Talvez a vontade não fosse tanta, o fato é que a idéia de publicar foi posta de lado.
Mas eis que agora os poemas se rebelam, fogem da gaveta, o escuro túmulo da palavra.
Ganham o mundo na versão virtual, muito mais prática, pois se o leitor quiser imprimi-los é só apertar um botão. Querendo dividi-los com um amigo é só “Encaminhar Para” e no triste caso de acharem que a gaveta deveria estar é trancada à chave, a tecla Del estará sempre à disposição.
A versão virtual torna o ato de desfazer-se de um livro muito mais civilizado e polido do que defenestrá-lo, atirá-lo na lata do lixo (motivo pelo qual algumas tranqueiras permanecem ocupando lugar em nossas estantes para sempre).
Outra vantagem é que diversamente do impresso não precisa ser considerado pronto, terminado. Pode modificar-se ganhando novos poemas, talvez uma capa, mesmo já estando na rua, nas telas.
Gostaria de poder remetê-los para serem ouvidos. Creio que os poemas em sua grande maioria foram escritos para serem lidos em voz alta. Devem soar. Com a exceção dos absolutamente gráficos é sobre o alicerce da voz é que a poesia ganha vida. Além do que, alguns timbres são tão gostosos aos sentidos como os de um saxofone ou violoncelo.
O ritmo, (filho ou pai do Tempo?) sempre foi umas das minhas obsessões. Meu relógio de pulso é um metrônomo.
Aqui estão reunidos poemas bissextos escritos desde os anos 70, como Paloma Hermana, nascido em Sampa, até Balada Beat de 2003, quando.no quintal da Mata Atlântica, saio pelas madrugadas viajando pelo mundo através da net, mas vou sempre parar é na casa dos amigos, meu abrigo.
Para eles estes poemas são dedicados.