sábado, 2 de junho de 2007


CAMBURI II


Cogumelos negros

Com filetes brancos,

Impõe-se a seus vizinhos,

Cor de fogo, esverdeados,

Sobre a mesma superfície que

Linda, apodrece.


O majestoso tronco é habitado

Pelos besouros negros,

Estranhos e blindados,

Que lerdos e rápidos,

Fabricam o seu tempo.


Calmamente,

O gigante que foi semente,

Reintegra-se à terra.

A cada chuva, cada vento,

Mais se mescla ao úmido

Solo da floresta.


Ao contemplá-lo,

Tronco, trono de insetos,

Abrigo das lacraias e serpentes,

Aeroporto de insuspeitadas aves,

O medo da morte se evapora.


É como o relógio celeste

O destino,

Tão terrestre e inevitável.

Fica só a paz desta clareira

Perfurada pela luz de um sol

Inesperado.

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