quarta-feira, 6 de junho de 2007
Stan Getz
Hoje faz dezesseis anos que Stan Getz foi tocar seu sax-tenor no Grande Bar que Nunca Fecha e deixou esse planeta mais silencioso.
Foi um dos grandes impulsionadores da música brasileira de primeira linha nos States e por conseguinte, no mundo. Ganhou também uma boa grana com isso. O disco que gravou com João Gilberto lhe rendeu uma maravilhosa mansão. Tem coisa melhor na vida? O cara tocar a música de primeira e encher o rabo de grana com ela?
Uma noite estava sozinho em meu ap. em Santos, estreando o aparelho de som que voltara do conserto após um longo e tenebroso silencio. Sabe essas noites em que vc está sozinho e não precisa de ninguém? Está curtindo para cacete sua casa, sua vida, o momento. E o momento era perfeito, acompanhado por um delicioso vinho tinto, em plena madrugada. Pus para rodar uma bolacha preciosa que tenho: Stan Getz com Astrud Gilberto, tocando ao vivo no Café Au Go Go em Nova Iorque. O Tom estava presente acompanhando a gravação. Coisa linda.
Estou vianjandão no som, quando ouço uns gritos me chamando do lado de fora. Duas e quinze da matina. Normal, minha vida era bem movimentada nessa época. Olho e lá está o Magu, figura ímpar. Uma bizarria. Entra com uma gaiolinha embaixo do braço. Sua mais nova profissão: fabricante de gaiolinhas adaptadas para abajur. Uma lâmpada de 40 wts enorme, totalmente desproporcional dentro, e uns vidrinhos coloridos que dariam o “efeito”.
Cai como um viaduto sobre a minha paz. Invade o lar e o sossego como um bando de holligans em uma cidadezinha.
-Olha que demais, essa gaiolinha que estou fabricando!
E antes que eu pudesse fazer nada a espetou na tomada. Uma explosão e silêncio e escuro totais, como no princípio do mundo. O caos. O nada. A porra da caixa dos fusíveis estourou. Acabou o Café Au Go Go, o som macio de Getz, a voz gostosa de Astrud. Derramamos o vinho no escuro. Fudeu.
Lembrando dessa passagem, penso que foi algum Maguzão La de cima, que arrancou o Getz daqui de baixo tão cedo. Puxaram o fio da tomada de um dos sons mais marcantes do jazz e do sax tenor do planeta.
Stan Getz! Figura essencial em qualquer discoteca básica. Que continua e continuará rodando e deixando as noites melhores e os vinhos mais gostosos até que o Grande Vendedor de Gaiolinhas Que Nunca Dorme venha puxar meu fio também.
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